sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Antonio Nóbrega: Pernambuco falando para o mundo (1998)

"Carnaval, Carnaval, Carnaval! Fico tão triste quando chega o Carnaval".
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Sempre adorei a frase acima, trecho de uma canção composta por Luiz Melodia e Ciro José. Talvez por representar bem o meu estado de espírito durante esse período do ano. Fico tão desanimado que até atrasei esta postagem. Pretendia realizá-la sexta-feira passada, mas só tive ânimo para começá-la hoje. Pensei até em desistir. Mas, como no Brasil o Carnaval não termina nunca, conforme já discuti anteriormente, ainda estou em tempo. Correto? Certo ou não, aqui vou eu!
Gostaria de apresentar uma obra que representa minha relação com a festa em questão. Apesar de não apreciar tais comemorações, vejo esse período como um momento de me aproximar e refletir sobre a minha própria cultura. Não faço questão alguma de acompanhar blocos ou sair nas ruas. Porém, talvez por influência da família ou de outras pessoas, acabo ouvindo diversos ritmos tocados nessa época do ano.
Não... Durante o Carnaval não escuto samba e muito menos axé. Nada contra o primeiro; incluo-o entre os meus estilos de música preferidos e tenho grande admiração pelo estilo. Quanto ao segundo... Ah! Não vale nem a pena comentar! (Mas, para não deixar os soteropolitanos chateados, deixo explícita a minha admiração pelos criadores do trio elétrico: o, infelizmente esquecido, Trio Elétrico). Gosto de escutar músicas carnavalescas produzidas pelos artistas de minha própria cidade, que reflitam nossos costumes e nossa história, ou seja, aquilo que há de mais próximo, com que mais eu me identifico.
E quais são esses ritmos? Maracatu, caboclinho, ciranda e, principalmente, frevo. E, nesse processo de escutar e refletir, acabo por entrar no projeto do Jossa Blog: valorizar o conhecido e descobrir o que está surgindo ou ficou esquecido.
Resumindo, foi basicamente isso que fiz nas últimas semanas: pesquisei a respeito de músicas do Carnaval recifense. Tentei conhecer um pouco mais sobre os principais compositores de frevo e também um pouco sobre diversos outros ritmos da região. E, enquanto executava tal tarefa, escolhi para disponibilizar neste site uma das obras que penso melhor sintetizar o Carnaval da cidade e do estado: Pernambuco falando para o mundo, de Antonio Nóbrega.
Um dos artistas mais completos do país, Antonio Nóbrega tem um amplo conhecimento de música erudita e da cultura popular. Na década de 70, foi um dos componentes do Quinteto Armorial, projeto idealizado pelo escritor Ariano Suassuna, com a finalidade de fundir os dois estilos musicais acima mencionados. (A propósito, aos interessados, recomendo que procurem as obras de tal grupo. Com certeza, foi um dos maiores trabalhos musicais já realizados no Brasil. Belíssimo!). Na mesma década, iniciou sua carreira solo, também como ator e dançarino, sempre tentando divulgar um pouco da cultura pernambucana.
O álbum aqui apresentado foi lançado em 1998 e corresponde a uma seleção de ritmos do estado: coco, maracatu, frevo etc. Como o próprio título deixa claro, Antonio Nóbrega mostra ao mundo os principais traços da cultura de Pernambuco e, para isso, conta com diversos músicos da região, tais como Comadre Florzinha e Maestro Spok.
Sem dúvida, uma ótima síntese dos ritmos executados durante o Carnaval recifense. Destaco as seguintes canções: 'Chegança', 'Cantigas de roda', a bem-humorada 'Mulher-peixão', 'Seleção Capiba' (incluindo seus clássicos do frevo), 'Vassourinhas' (o clássico do Carnaval recifense) e a faixa que dá nome ao álbum, 'Pernambuco falando para o mundo'.
É isso... O Carnaval de verdade passou e entramos no Carnaval de mentira, que durará até "sabe-se lá quando". Hmmm... Talvez não seja bom, mas já é o suficiente para eu sair do meu estado de tristeza e retornar às minhas atividades normais. Aproveitem a obra e até breve!
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Ficha Técnica: Pernambuco falando para o mundo (1998)
Mais informações: Antonio Nóbrega

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