terça-feira, 13 de julho de 2010

Mutantes: Os Mutantes (1968)

As origens do rock brasileiro, parte 2: Rock Psicodélico.
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Pensei em não abordar hoje sobre o tema desta série para falar de outro grande artista que perdemos nesta terça-feira: Paulo Moura. Grande clarinetista! Tocou com os melhores músicos do país e certamente conquistou seu lugar na história de nossa música. Gostaria de preparar uma homenagem a ele. Porém, um motivo específico, que direi em breve, me convenceu não fazer isso hoje. (De qualquer modo, farei futuramente).
Após realizar a última postagem, anunciando o início desta série, reli o texto e percebi que havia esquecido um detalhe: explicar o motivo pelo qual decidi publicar esta série de postagens. Assim, explico agora: tomei tal decisão pelo fato de julho ser o mês do rock'n'roll. Bem... Na verdade, não sei se é de fato. Mas sei, com toda certeza, que 13 de julho é o Dia Internacional do Rock. Portanto, considero este mês como o mês do ritmo também. Seja como for, isso não importa... O que importa é que é hoje!!! (E este é o motivo pelo qual decidi continuar com a série ao invés de falar sobre o trabalho de Paulo Moura).
Talvez alguns possam alegar que eu esteja atrasado, que eu devia ter feito a postagem no início do dia para que os visitantes do blog apreciassem o som ao longo desta data. Contudo, afirmo que o importante é não deixar a data ser esquecida e ouvir bastante rock and roll. Não só hoje, mas todos os dias... Ou seja, nunca é tarde para cultuar esse estilo musical.
Dessa forma, disponibilizo hoje um dos maiores clássicos do rock brasileiro e mundial: o primeiro álbum dos Mutantes, de 1968.
Obviamente, uma obra como esta não precisa de apresentação; apenas o ato anunciar de seu nome é já diz tudo. Mesmo assim, falarei sobre o álbum...
Este disco tem muita história. É um dos destaques do movimento tropicalista. Foi apontado por europeus e americanos como um dos mais inovadores da história. Considerado o 9º álbum mais importante da música brasileira pela revista Rolling Stone. Chegou a ser comparado a Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, dos Beatles, e a The Piper at the Gates of Dawn, do Pink Floyd. E nem pensem que tal comparação é injusta! A mistura rítmicas apresentada pelo grupo não tem precedentes. Trata-se de uma obra única! Não foi à toa que o disco o mundo inteiro.
Os Mutantes também representa o início do psicodelismo do Brasil, embora, como já foi comentado em postagem anterior, outros artistas trabalhassem tal tendência simultaneamente, como Alceu Valença, Zé Ramalho e Ave Sangria. Mas deixemos isso de lado mais uma vez... (Um dia ainda farei uma postagem sobre o psicodelismo brasileiro. Não sei quando... Mas farei!).
Enfim, deixando de lero-lero. De modo bem resumido para que eu possa ir dormir - pois já está tarde: o álbum é fantástico! Impossível escutar somente uma vez! A cada audição tem-se novas sensações e tudo ao redor parece mudar. Bem... Pelo menos, é o que ocorre comigo.
Enfim... Comemoremos o Dia Internacional do Rock ao som de Os Mutantes. Sem dúvida é uma das melhores formas de celebrar esta data. Despeço-me, então, em clima de anos 60, promovido pelo psicodelismo das música da obra... Paz e amor!
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Ficha Técnica: Os Mutantes (1968)
Mais informações: Mutantes

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Raphael Rabello: Relendo Dilermando Reis (1994)

15 anos sem Raphael Rabello.
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Muito antes de Yamandu Costa se tornar sensação no país, talvez antes mesmo deste pensar em seguir carreira musical, o Brasil foi privilegiado com outro grande violonista. Lembro-me muito bem que, ainda criança, escutava falar constantemente de Raphael Rabello. E, não sei exatamente em que ano, de repente pararam de comentar a seu respeito.
Pois é... Em geral, os brasileiros têm memória curta. Se os meios de comunicação param de falar sobre um artista, é quase certo que, em apenas algumas semanas, este cairá no esquecimento. Foi exatamente isso que ocorreu com o artista em questão. Após sua morte prematura, em 1995, pararam de falar a seu respeito e, da noite para o dia, ninguém mais lembrava sequer do seu nome, muito menos de sua importância para a música.
Há quase uma semana, no dia 27 de abril, completaram-se 15 anos da morte de Raphael Rabello e não vi nada a seu respeito. Nenhum especial, nenhum comentário, nada! Todavia, a mídia permanecesse falando e fazendo programas especiais para artistas que não vão, nem vêm. (Provavelmente porque dão audiência e, por conseguinte, dinheiro). Mas, o Jossa Blog não deixa grandes nomes passarem despercebidos e, apesar de uma semana atrasado, faço este homenagem a um dos maiores nomes do violão no Brasil e no mundo.
Nascido em Petrópolis, em 1962, Raphael Rabello estudou violão com Jaime Florence (também professor de Baden Powell) e foi bastante influenciado por Dino 7 Cordas. Ainda adolescente iniciou sua carreira musical, tocando com Turíbio Santos. Seu progresso no instrumento era impressionante e logo chamou a atenção de artistas nacionais, como Tom Jobim e Ney Matogrosso, e internacionais, como Paco de Lucia.
Sua habilidade era tamanha! Constantemente, era elogiado por artistas de renome. Dino 7 Cordas, seu mestre, por exemplo, afirmava: "Ele não tem limitações. Técnica, velocidade, bom gosto harmônico, um artista completo". Francis Hime pensava similar: "Ele foi um incrível violonista. Eu nunca vi igual... ele foi único".
E no exterior, o que diziam dele? Pat Metheny garantia: "Raphael Rabello foi simplesmente um dos maiores violonistas que já existiu. Seu nível de introspecção no potencial do instrumento só foi alcançado, talvez, pelo grande Paco de Lucia. Ele foi 'o' Violonista Brasileiro de nosso tempo, na minha opinião. Sua morte, em uma idade ainda tão jovem, é uma perda incrivelmente dolorosa, não apenas pelo que ele já tinha feito, e sim pelo que ele poderia vir a fazer". E Paco de Lucia corroborava: "O melhor violonista que eu já ouvi em anos. Ele ultrapassou as limitações técnicas do violão, e sua música vinha progressivamente de sua alma, diretamente para os corações de quem o admirava".
Infelizmente, em 27 de abril de 1995, após uma série de tragédias ocorrida nos anos anteriores (acidente de carro, fraturas no braço direito, AIDS, drogas etc.), Raphael Rabello faleceu durante o sono, devido a um problema de apnéia. Tinha apenas 32 anos. Fato lamentável! O que ele poderia ter feito se ainda estivesse vivo? Jamais saberemos... Resta-nos, portanto, apenas lembrar do que ele fez. Assim, apresento a obra Relendo Dilermando Reis.
Lançado em 1994, o álbum foi um dos vencedores do Prêmio Sharp daquele mesmo ano. No disco em questão, Raphael Rabello apresenta clássicos do choro interpretados por Dilermando Reis. Não há participação de nenhum outro músico no disco; apenas o artista e seu vilão. Porém, em diversos momentos, chega-se a acreditar que existem mais instrumentos. Poucos têm a capacidade de fazer o que o violonista em questão faz.
Dentre as doze faixas, destaco 'Abismo de Rosas', 'Doutor Sabe Tudo', 'Xodó da baiana' e 'Magoado'. A minha preferida, todavia, é 'Marcha dos marinheiros', na qual o Raphael Rabello alcança timbres diferentes com o violão; algo que faz lembrar uma corneta ou algo do tipo. Na verdade, toda a obra é belíssima! Assim como os outros álbum do artista.
E, assim, encerro a minha homenagem a este grande nome da música brasileira. Espero que tal obra possa mostrar um pouco do talento de Raphael Rabello. Aproveitem e jamais esqueçam este nome. Dificilmente se encontra alguém com tamanho talento... Não vão querer perdê-lo de vista, certo?
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Ficha Técnica: Relendo Dilermando Reis (1994)
Mais informações: Raphael Rabello

domingo, 25 de abril de 2010

Chico Buarque: Chico Buarque (1978)

"Canta primavera, pá!"
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Olá a todos! Não me prolongarei hoje; infelizmente, tenho muitos deveres a cumprir e não posso demorar demais nesta postagem. Todavia, faço esta postagens para não deixar passar em branco a presente data.
Gostaria de lembrar que hoje, 25 de abril, é uma data especial para o povo português. Trata-se da Revolução dos Cravos, o golpe de Estado ocorrido em 1974, que derrubou a ditadura salazarista, restaurando a democracia naquele país.
Obviamente, tal evento é esquecido, ou ignorado, pela maioria dos brasileiros. Porém, uma vez que tenho grande simpatia e admiração pela nação lusitana, conforme já comentei alguns meses atrás, tento sempre me manter informado sobre os acontecimentos daquele local e lembrar suas datas comemorativas.
Apesar disso, apesar de muitos desconhecerem tal evento, o 25 de abril teve impacto muito grande no Brasil na década de 1970. Enquanto Portugal saia de um regime ditatorial, o Brasil permanecia sob o poder dos militares. A Revolução dos Cravos, assim, foi tida como um exemplo para a luta brasileira contra a ditadura e pela reconquista da liberdade de expressão durante os anos seguintes. Foi inspirado nesse evento que Chico Buarque compôs a canção 'Tanto mar', presente em seu álbum de 1978, que apresento hoje no Jossa Blog.
A letra original da música acima citada, incrivelmente, é desconhecida por muitos brasileiros até hoje. Na verdade, ela foi censurada naquele período e só pôde ser divulgada em sua forma original em Portugal. (Tal versão pode ser encontrada na coleção Songbook Chico Buarque, interpretada pela cantora portuguesa Eugênia Melo e Castro). De qualquer modo, as principais idéias foram preservadas, inclusive as figuras poéticas. Cada palavra parece ter sido minuciosamente pensada pelo autor, sem que este perdesse o sentimento. Ouçam e interpretem!
Além desta bela homenagem a nossos amigos de além-mar, o disco ainda traz muitos outros sucessos. Dentre as várias canções do álbum, destaco: 'Cálice', uma das principais canções contra o governo militar, 'O meu amor', cantada por Elba Ramalho e Marieta Severo (esposa de Chico Buarque quando o disco foi gravado), e 'Pedaço de mim', uma homenagem do cantor a Zuzu Angel. (Hmm... Quanto a esta última observação, não encontrei fontes confiáveis sobre o assunto. Aqueles que ouvem Chico Buarque costumam fazer tal afirmação, porém sabemos que o cantor não costuma revelar as inspirações para suas composições. Fica difícil chegarmos a uma resposta definitiva. Mas, se eu souber de algo mais sobre o assunto, comento posteriormente). Na verdade, o disco Chico Buarque, de 1978, também é considerado uma das principais obras suas contra o governo militar, juntamente com Construção, já postado anteriormente.
Enfim... Esta é a homenagem do Jossa Blog à Revolução dos Cravos e ao povo português nesta data tão especial. Espero que a grandeza da obra apresentada consiga representar a importância do 25 de abril para a História, de Portugal, do Brasil e do mundo, visto que o meu texto foi muito breve para alcançar tal objetivo. De qualquer modo, aproveitem o disco! É uma obra-prima da música brasileira!
Abraços e até a próxima!
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Ficha Técnica: Chico Buarque (1978)
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segunda-feira, 19 de abril de 2010

Flávio Guimarães: Little blues (1995)

Considerações sobre o blues...
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Há alguns meses, um amigo e seguidor do Jossa Blog, Eustáquio José da Silva, , organizador do blog (A)cultura Social: Perspectivando!, fez-me uma solicitação. Disse ele que, apesar de eu estar sempre apresentando muito material interessante e desconhecido pela maioria, ainda não havia colocado nada sobre o seu estilo musical preferido: o blues. De fato, foi um detalhe que me passou despercebido. Eu já indiquei Mallavoodo, que apresenta elementos do estilo, mas nada sobre o ritmo propriamente dito.
Admito que, na verdade, esta minha falha se deve quase que totalmente a minha ignorância sobre os artistas de tal ritmo no Brasil. Ao saber deste detalhe, aquele que me fez a solicitação, ansioso para ver uma postagem sobre o assunto, indicou-me dois grandes artistas do blues nacional: Flávio Guimarães (gaitista carioca, membro da banda Blues Etílicos) e Nuno Mindelis (guitarrista angolano, radicado há muitos anos no Brasil). Assim, atendendo ao pedido, decidi disponibilizar algo sobre o primeiro, mas não sem primeiro fazer uma pequena provocação, que também servirá de justificativa para minha escolha.
A minha pergunta é: o que faz do blues um bom estilo musical? Em geral, seus arranjos não são complexos e o ritmo costuma ser bastante repetitivo. Além disso, trata-se de um estilo bastante fechado. É raro conseguir uma fusão do blues com outro estilo musical. Lembro-me apenas de fusões com o rock and roll, como fizeram o Lynyrd Skynyrd, Led Zeppelin e outras bandas similares. Também fui informado recentemente de fusões com o soul. Todavia, além desses ritmos não me consta nenhum outro, ao contrário do jazz, que já foi misturado com samba, frevo, rock e vários outros estilos. Enfim, tais qualidades, ao meu ver, parecem contribuir para a caracterização de um estilo pobre, ruim, com pouca coisa a se admirar.
Contudo, não é isso que ocorre com o blues. Por quê? Bem... Eu poderia deixar esta questão sem resposta, para que outros tentassem uma resposta. Mas, como admirador do ritmo em questão, tentarei expôr o que o torna digno de prestígio para mim.
Primeiramente, apesar de contar com composições e arranjos simples, isso não significa que estes são ruins. Em geral, os blues man trabalham bastante as canções, a fim de não deixar falhas. Neste ponto, também é interessante observar que, assim como o jazz, o estilo em questão apresenta espaço para o improviso, permitindo fugas das repetições.
Em segundo lugar, podemos argumentar que, a respeito da "inflexibilidade" do ritmo, talvez não se tenha tentado o suficiente. As possibilidades ainda estão abertas e muita surpresa pode surgir nos próximos anos, décadas, séculos, sabe-se-lá-quando...
Por fim, em terceiro lugar, o blues é um ritmo que possui história; é impossível compreender sua grandeza e importância sem tal conhecimento. Muitos elementos deste ritmo ainda são mantidos na contemporaneidade devido a suas importâncias históricas, como a melancolia das música e a gaita como um de seus instrumentos mais característicos. A propósito, alguém saberia dizer a razão desta última? Pois é... Uma vez que o blues foi um estilo inventado pelos negros escravos americanos e estes, por sua própria condição social, possuíam poucos recursos financeiros (muitas vezes, nenhum), tinham de contar com os instrumentos mais baratos possíveis para elaborar suas composições. E, qual o instrumento mais barato que se tinha naquele período? Exatamente! A gaita, ou harmônica.
E quanto à melancolia? O seguinte texto de Mayara Galvan, presente no blog acima indicado, responde: "As chamadas work songs eram realizadas pelos escravos [das regiões próximas ao rio Mississipi] no pouco tempo disponível. Suas letras cantavam sentimentos de dor e angústia causado pelo excesso do trabalho. Sem nenhum instrumento musical, já que não lhes era permitido seu uso, improvisavam com ferramentes de trabalho para dar ritmo às canções. Pouco a pouco um estilo único vinha emergindo, carregado de emoção e daquilo que pode ser visto no próprio nome, o 'Blues'".
Em suma, foram estas duas características, a gaita e a melancolia, que me fizeram escolher por Little blues, de Flávio Guimarães. Ambas encontram-se bastante presentes na obra deste músico. (De qualquer modo, sem dúvidas, também indico Nuno Mindelis. Excelente guitarrista! Já tocou, inclusive, com Steve Ray Vaughan!).
Flávio Guimarães iniciou sua carreira musical em meados dos anos 80, ao fundar o grupo Blues Etílicos, uma das primeiras bandas de blues do Brasil. Apesar de sua participação na banda, sempre realizou trabalhos solos. Acompanhou grandes nomes da música nacional, como Alceu Valença, Luiz Melodia e Zeca Baleiro, e internacional, como Buddy Guy e Charles Musselwhite; também já chegou a abrir shows para B. B. King! Little blues corresponde ao seu primeiro álbum solo. Lançado em 1995, o disco conta com a participação de grandes admiradores do blues do Brasil e do mundo, como Ed Motta, Roberto Frejat, Paulo Moura e Sugar Blue.
Apesar de ser predominantemente blues, o álbum também apresenta influências do jazz e do rock em algumas músicas, como se observa em 'Na Baixa do Sapateiro' e 'Sick and tired' respectivamente. Além destas duas faixas, também destaco: 'Hand jive', 'Hoochie coochie man' e a jam 'Baby, please don't go', com participação de Roberto Frejat e muitos outros. Todavia, acima de todas, recomendo 'Honest I do', com Ed Motta nos vocais. Muito bom!
Para finalizar, dedico esta postagem àquele que tanto me cobrou e esperou por tal ocasião: Eustáquio José da Silva. Também recomendo fortemente o seu blog (cujo link encontra-se no início da postagem): muitos textos e notícias interessantes por lá. Verifiquem!
Coincidentemente, acabo de lembrar um detalhe: ontem foi aniversário de outro grande amigo, já citado e homenageado anteriormente (duas vezes). Contudo, uma vez que tal obra envolve seu instrumento preferido, a gaita, também dedico tal postagem (mais uma vez) a Kleber Kyrillos, El Greco.
É isso... Fica aqui mais uma indicação. Apreciem sem moderação e até breve!
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Ficha Técnica: Little blues (1995)
Mais informações: Flávio Guimarães

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Fred Andrade e Ebel Perrelli: Mandinga (2002)

A música de Pernambuco, parte 6: Música instrumental.
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Finalmente!!! Após duas semanas de atraso, chego ao fim desta série sobre a música de Pernambuco. Peço desculpas aos seguidores e leitores deste blog pela demora. Infelizmente, tive uns contratempos e a preguiça também ajudou bastante. Em compensação, trago hoje uma das maiores pérolas da música pernambucana.
Bem... Quem acompanhou minhas postagens no último mês, teve oportunidade de conhecer cinco faces da música deste estado, classificados conforme o site Música de Pernambuco. A ordem escolhida por mim foi aleatória; não seguiu a ordem presente na homepage supracitada. Contudo, desde o início planejei deixar a postagem sobre música instrumental para o final. Por quê? Simples... Gosto de deixar a melhor parte para o final.
É óbvio que a minha decisão antecipada não significa que esta foi a escolha mais fácil. Pelo contrário, a quantidade de bons artistas instrumentais no estado é incrível. Temos excelentes guitarristas, como Beto Kaiser ou Luciano Magno. Também poderia apresentar a obra de um dos melhores contrabaixistas do estado: Bráulio Araújo. Entre as inúmeras bandas, posso citar Treminhão, Contrabanda e Sa Grama. Temos ainda grandes violonistas, como Cláudio Almeida e Nenéu Liberalquino. (A propósito, talvez eu poste algo sobre este último em breve. Todavia, aos mais curiosos, recomendo procurarem pela sua obra. É fantástico!). Há ainda um dos maiores percussionistas do mundo: Naná Vasconcelos. E muitos outros... Alguns até já foram disponibilizados anteriormente.
No entanto, diversos motivos me levaram a escolher Mandinga, de Fred Andrade e Ebel Perrelli. Primeiramente, lembro ter prometido postar este disco há um bom tempo. Para ser mais exato, da primeira vez que comentei sobre a música do estado neste blog, disponibilizando a obra do Mallavoodoo. Assim, cumpro hoje aquele débito.
Em segundo lugar, eu desejava um álbum onde pudéssemos contemplar um encontro de gigantes da música pernambucana. De fato, o disco foi planejado por dois dos melhores músicos da região: o guitarrista Fred Andrade, atualmente no Noise Viola, já apresentado em outra ocasião, e o baterista Ebel Perrelli. Além disso, conta com o apoio de Hélio Silva, excelente baixista, atualmente no SpokFrevo Orquestra e participa de quase todas as músicas. (Há uma consideração sobre a participação deste membro que farei dentro de alguns instantes). Para completar, pode-se contemplar as performances de Breno Lira (em breve, não hoje, planejo comentar sobre este também), ainda no início da carreira, Dominguinhos e Naná Vasconcelos. Não há dúvidas que temos o tal encontro de gigantes desejado.
Em terceiro lugar, eu gostaria de encerrar esta série de postagens com uma obra que fizeste lembrar Pernambuco do início ao fim. Embora as demais apresentadas também possam atender tal requisito, nenhuma delas o faz como Mandinga. Toda vez que eu ouço o disco em questão, viajo por todo o estado. Do litoral ao interior. Passo por diversas praias. Sinto a agitação da metrópole e a calmaria das áreas menos urbanizadas. Consigo até me ver viajando pelas estradas...
Resumindo, estas foram as principais razões que me fizeram escolher a presente obra. Não tenho dúvidas que é a melhor opção para encerrar a série com chave de ouro. A propósito, não farei destaques da forma habitual. Limitar-me-ei a dizer que uma das que mais me fascina é a faixa-título e que a preferida do guitarrista é 'Catú-Catú'. Mas vale a pena ouvir todas as faixas em sequência.
Mudando brevemente de assunto, gostaria de fazer uma observação sobre a banda. Exato! Falei "banda". Na verdade, existe uma polêmica quanto a tal questão. Embora na capa do álbum apareçam somente os nomes de Fred e Ebel, o grupo se apresentava como uma banda, cujo nome era Projeto Mandinga. E esta incluia Hélio Silva como membro. Breno Lira também chegou a ser considerado do grupo mais adiante, visto que participava constantemente dos shows, tocando viola caipira. Fiquei em dúvida sobre qual nome atribuir ao artista da obra. Optei por colocar os nomes que aparecem na capa do disco. Todavia, ressalto que a participação de Hélio Silva é fundamental para a realização do trabalho, contribuindo inclusive com uma das composições. Além disso, o baixo é tão perfeito quanto a guitarra e a bateria.
De qualquer modo, o Projeto Mandinga surgiu em 2002 e durou um pouco mais de um ano. No entanto, apesar de uma curta carreira, o trabalho destes foi bastante elogiado pelo povo e pelos críticos. Mandinga é o único álbum do grupo, que infelizmente não tem chances de voltar às suas atividades, segundo o guitarrista. Conversando com Fred Andrade, questionei a respeito dessa possibilidade e ele comentou que, apesar de haver muita interação entre ele e Ebel, também há muito desentendimento. Portanto, para o bem da amizade, o melhor seria encerrar o trabalho. Entretanto, há uma notícia animadora. Parece ter havido uma proposta feita por não-lembro-quem, a qual foi aceita pelos membros, de gravar um DVD a respeito deste trabalho. O vídeo apresentaria a história do grupo e muita música. Não sei quando será lançado, mas estou de olho. Qualquer notícia, eu aviso. Aguardemos...
Enfim... Chego, assim, ao final desta série. Gostaria de lembrar que toda ela foi dedicado ao grande amigo Antônio Aureliano, organizador do blog Mundo Novo Admirável. Espero que todas as postagens tenham ajudado a lembrar de Pernambuco e matar um pouco as saudades desta terrinha. Espero também que todos curtam o som do Mandinga. (Só para me amostrar um pouco: não encontrei tal obra em nenhum lugar da internet. Portanto, trata-se de uma "exclusividade" do Jossa Blog). Digam o que acharam do álbum. Vocês conseguiram visualizar as paisagens do estado?
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Ficha Técnica: Mandinga (2002)
Mais informações: Fred Andrade, Ebel Perrelli