quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Rosinha de Valença: Rosinha de Valença (1973)

Expanda seus conhecimentos musicais, parte 2: "Pesquisa quente".
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Lembro-me que, certa vez, o programa Fantástico, da TV Globo (Eu sei... Eu não tinha o que fazer mesmo...), apresentou um quadro em que um falso vidente fazia adivinhações sobre pessoas de um público. Para isso, utilizava-se basicamente de dois métodos: leitura quente e leitura fria.
O primeiro consiste em "adivinhar" um acontecimento na vida de determinada pessoa já tendo, todavia, conhecimentos sobre tal fato, informado por terceiros. O segundo procedimento consiste em "adivinhar" algo mediante uma pista dada inconscientemente pela própria pessoa, como um movimento que revele ansiedade, tristeza etc.
Aproveitando o vocabulário, com pequena adaptação, venho explicar outros dois métodos que podem ser utilizados para expandir conhecimentos musicais. Trata-se da "pesquisa quente" e da "pesquisa fria". Falarei hoje do primeiro, embora que o segundo seja dedutível a partir do que já comentei acima.
O método que denomino "pesquisa quente" consiste em, a partir de algum conhecimento já adquirido sobre a obra de determinado artista, buscar mais sobre este. Basicamente, podemos citar duas formas em que tal pesquisa se dá.
Uma delas consiste na que Pierre Mignac, organizador do Contra-Argumento Blog, citou em sua postagem sobre John Coltrane, comentado uma semana atrás. Ao ouvir o álbum do famoso jazzista, ficou encantado com os improvisos do trompetista. Pesquisou a seu respeito e, assim, descobriu o grande mestre do jazz Lee Morgan e sua excelente obra.
Outra forma, mais simples, foi a que eu usei para descobrir a artista que hoje apresento no Jossa Blog. Certa vez, resgatando os vinis que se perderam na casa de meus parentes e, por isso, escaparam de serem jogados no lixo, encontrei um disco ao vivo de Sivuca em parceria com uma certa mulher, uma tal Rosinha de Valença. Nunca havia escutado falar dela. Coloquei na vitrola e fiquei impressionado com a qualidade da obra. Um espanto em dose dupla, na verdade: fiquei encantado não só em ver a maestria do safoneiro albino, mas muito mais pela qualidade do som tirado do violão por aquela "anônima".
Bem... Infelizmente alguém me fez o favor de perder aquele vinil e acabei esquecendo de procurar mais sobre aquela parceira de Sivuca. (Ainda mato quem ficou com aquele disco!). Contudo, há alguns meses, lembrei novamente daquele show. Baixei a obra e, então, fiz uma pesquisa sobre tal artista. Foi então que descobri que um de seus álbuns havia acabado de ser resgatado por Charles Gavin. Comprei-o e fiquei admirado novamente com sua performance. Hoje, com muito prazer, apresento a todos o terceiro álbum da compositora em questão, que recebe o seu próprio nome: Rosinha de Valença.
Embora desconhecida pela maioria, Rosinha de Valença foi um dos maiores nomes do violão brasileiro. Ao lado de Baden Powell e João Gilberto, é considerada uma das fundadoras da escola da bossa nova. Comenta-se que o próprio Baden, ao ouvi-la tocar, comentou algo do tipo: "Impressionante! Parece que sou quem está tocando aquele violão!". Muitos são os artistas que devem sua carreira aos arranjos da violonista: Maria Bethânia, Miúcha, Martinho da Vila... E muitos são os artistas que ela acompanhou: Sergio Mendes, João Donato, Copinha... Infelizmente, devido a sérios problemas de saúde, que deixaram-na em estado vegetativo por doze anos, até a sua morte em 2004, Rosinha de Valença abandonou a carreira prematuramente.
O álbum aqui disponibilizado foi lançado em 1973. Gravado após a arranjadora realizar umas três ou quatro turnês mundiais, tal disco inclui diversos clássicos da música brasileira: percorrendo desde a bossa nova até músicas regionais, em uma tentativa de abarcar todas as tendências da música nacional. A banda que acompanha a compositora também é sensacional! Infelizmente, não se sabe quem são; o próprio álbum não diz.
Fico com bastante dúvida sobre quais músicas recomendar. Mas, destaco as regravações de 'Valsa de Eurídice', de Vinicius de Moraes, 'Morena do mar', de Dorival Caimmy, e 'After sunrise', de Oscar Castro Neves e Tião Neves. Recomendo também as três músicas de sua própria autoria: 'Araponga', 'Cuíca' e a simples e calma 'Porto das flores'. De qualquer forma, fico insatisfeito com tais indicações por excluir as demais músicas. Ouçam tudo!
Enfim, esta é mais uma excelente obra de uma ilustre desconhecida na música nacional que apresento neste blog. Espero que a música de Rosinha de Valença agrade a todos e fique em suas memórias.
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Ficha Técnica: Rosinha de Valença (1973)
Mais informações: Rosinha de Valença

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