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Desde o início do Jossa Blog, postei muitas obras ligadas à bossa nova, mas nenhum clássico deste estilo propriamente dito. Na verdade, pode-se afirmar que Bossa nova, nova bossa, de Manfredo Fest, e Impacto, de Hector Costita, são clássicos da bossa, uma vez que o samba-jazz é uma "ramificação" daquele ritmo. Todavia, refiro-me à bossa nova em sentido mais estrito, caracterizada pela batida de João Gilberto.
Obviamente, Boca da noite, de Toquinho, apresenta músicas com esta pegada. Contudo, no geral, acredito que este se aproxima mais de um disco de MPB (bastante influenciado pela bossa, é claro). Alguns provavelmente alegariam que esta não é da bossa nova baseando-se no ano de seu lançamento, pois há quem afirme que o movimento terminou na metade da década de 60. Mas, sinceramente, não concordo. Se aceitássemos este fato, a dupla Toquinho e Vinicius de Moraes, que se uniram em 1969, estaria excluída.
(A propósito, veio-me a questão: em que ano pode-se dizer que a bossa nova, como movimento musical, terminou? Eu arriscaria algum ano da década de 70, mas não estou certo disso. Bem... É um assunto a ser pensado, mas deixemos para outro momento).
Resumindo... Coloquei no Jossa Blog uma série de obras relacionadas à bossa nova, mas nenhuma da bossa nova mesmo, nenhuma com as características acima citadas. Tentando compensar tal falta, trago hoje o clássico Getz/Gilberto, uma parceria entre o saxofonista americano Stan Getz e o compositor brasileiro João Gilberto, com Tom Jobim no piano.
Getz/Gilberto é, sem dúvida, uma das maiores obras da bossa nova. Lançada em 1963, o álbum tinha como objetivo divulgar a bossa nova no exterior do Brasil. O resultado, acredito, não poderia ter sido melhor. Além de vender bastante no mundo inteiro, ganhou quatro Prêmios Grammy em 1965: Melhor álbum do ano, Melhor disco de jazz, Melhor arranjo não-clássico e Melhor música do ano ('Garota de Ipanema'). E isso não foi sem razão. O disco conta com os maiores músicos do período e inclui sucessos que eternizarão a bossa nova.
João Gilberto e Tom Jobim podem ser considerados os principais nomes do movimento. O primeiro criou a batida de violão que caracterizaria o estilo; o segundo, além de excelente pianista, é certamente o maior arranjador daquela época. Na verdade, apesar de seu nome aparecer discretamente na capa, quase ilegível de tão pequeno, a maioria das composições e todos os arranjos foram elaborados por ele.
Stan Getz, por sua vez, não nasceu na bossa. (Óbvio! Ele era americano...). Iniciou sua carreira no jazz e em tal ritmo se manteve grande parte de sua vida. Todavia, foi contagiado pelo ritmo brasileiro, surgido no final dos anos 50, tornando-se o maior divulgador da bossa nova no exterior. Apesar de ser taxado como oportunista por Eumir Deodato, Getz é um excelente músico. Confesso que acho um tanto estranho o seu sopro: em alguns momentos, bastante "sujo". Em geral, espera-se perfeição em todos os sentidos de artistas com grande nome, como no caso do artista em questão. Todavia, seu domínio sobre o saxofone é incrível e a "sujeira" do seu sopro acaba dando um toque especial à música, servindo de marca pessoal, como uma assinatura.
O disco inclui alguns dos maiores sucessos da bossa nova, como 'The girl from Ipanema' e 'Desafinado'. No entanto, recomendo acima de todas as duas canções cuja autoria não é de Tom Jobim: 'Doralice', de Dorival Caymmi e Antonio Almeida, e 'Pra machucar meu coração', de Ary Barroso. Entre aquelas composta pelo maestro, recomendo 'O grande amor', uma parceria com Vinicius de Moraes.
Getz/Gilberto conta ainda com a voz de Astrud Gilberto, esposa de João Gilberto na época, e Milton Banana, um dos maiores baterista da bossa nova. O baixista também é excelente. Contudo, não se sabe exatamente de quem se trata. Algumas fontes afirmam que é Sebastião Neto; porém, as edições em CD apresentam o nome de Tommy Williams... Pesquisarei um pouco mais sobre tal questão. Se descobrir algo, escreverei por aqui... Até lá, aproveitem este clássico!
...Obviamente, Boca da noite, de Toquinho, apresenta músicas com esta pegada. Contudo, no geral, acredito que este se aproxima mais de um disco de MPB (bastante influenciado pela bossa, é claro). Alguns provavelmente alegariam que esta não é da bossa nova baseando-se no ano de seu lançamento, pois há quem afirme que o movimento terminou na metade da década de 60. Mas, sinceramente, não concordo. Se aceitássemos este fato, a dupla Toquinho e Vinicius de Moraes, que se uniram em 1969, estaria excluída.
(A propósito, veio-me a questão: em que ano pode-se dizer que a bossa nova, como movimento musical, terminou? Eu arriscaria algum ano da década de 70, mas não estou certo disso. Bem... É um assunto a ser pensado, mas deixemos para outro momento).
Resumindo... Coloquei no Jossa Blog uma série de obras relacionadas à bossa nova, mas nenhuma da bossa nova mesmo, nenhuma com as características acima citadas. Tentando compensar tal falta, trago hoje o clássico Getz/Gilberto, uma parceria entre o saxofonista americano Stan Getz e o compositor brasileiro João Gilberto, com Tom Jobim no piano.
Getz/Gilberto é, sem dúvida, uma das maiores obras da bossa nova. Lançada em 1963, o álbum tinha como objetivo divulgar a bossa nova no exterior do Brasil. O resultado, acredito, não poderia ter sido melhor. Além de vender bastante no mundo inteiro, ganhou quatro Prêmios Grammy em 1965: Melhor álbum do ano, Melhor disco de jazz, Melhor arranjo não-clássico e Melhor música do ano ('Garota de Ipanema'). E isso não foi sem razão. O disco conta com os maiores músicos do período e inclui sucessos que eternizarão a bossa nova.
João Gilberto e Tom Jobim podem ser considerados os principais nomes do movimento. O primeiro criou a batida de violão que caracterizaria o estilo; o segundo, além de excelente pianista, é certamente o maior arranjador daquela época. Na verdade, apesar de seu nome aparecer discretamente na capa, quase ilegível de tão pequeno, a maioria das composições e todos os arranjos foram elaborados por ele.
Stan Getz, por sua vez, não nasceu na bossa. (Óbvio! Ele era americano...). Iniciou sua carreira no jazz e em tal ritmo se manteve grande parte de sua vida. Todavia, foi contagiado pelo ritmo brasileiro, surgido no final dos anos 50, tornando-se o maior divulgador da bossa nova no exterior. Apesar de ser taxado como oportunista por Eumir Deodato, Getz é um excelente músico. Confesso que acho um tanto estranho o seu sopro: em alguns momentos, bastante "sujo". Em geral, espera-se perfeição em todos os sentidos de artistas com grande nome, como no caso do artista em questão. Todavia, seu domínio sobre o saxofone é incrível e a "sujeira" do seu sopro acaba dando um toque especial à música, servindo de marca pessoal, como uma assinatura.
O disco inclui alguns dos maiores sucessos da bossa nova, como 'The girl from Ipanema' e 'Desafinado'. No entanto, recomendo acima de todas as duas canções cuja autoria não é de Tom Jobim: 'Doralice', de Dorival Caymmi e Antonio Almeida, e 'Pra machucar meu coração', de Ary Barroso. Entre aquelas composta pelo maestro, recomendo 'O grande amor', uma parceria com Vinicius de Moraes.
Getz/Gilberto conta ainda com a voz de Astrud Gilberto, esposa de João Gilberto na época, e Milton Banana, um dos maiores baterista da bossa nova. O baixista também é excelente. Contudo, não se sabe exatamente de quem se trata. Algumas fontes afirmam que é Sebastião Neto; porém, as edições em CD apresentam o nome de Tommy Williams... Pesquisarei um pouco mais sobre tal questão. Se descobrir algo, escreverei por aqui... Até lá, aproveitem este clássico!
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Ficha Técnica: Getz/Gilberto (1963)
Mais informações: Stan Getz, João Gilberto
A bossa nova é um dos meus calos. Heresias à parte, DETESTO "Garota de Ipanema" bem como a maior parte das músicas de Tom Jobim que ouvi, inclusive ALGUMAS (ou pelo menos uma das) parcerias com Chico Buarque que tanto adoro. Mas como não chegam a ser todas, convém aprofundar-me na bossa p/ ver o que consigo extrair dela. João Gilberto, em que pese sua importância capital na música brasileira não passa para mim de um nome (no sentido de que nunca parei p/ ouvir). Eis outra incoveniência que convém ser sanada, mas isto certamente não se dará em breve. Tentarei ao menos ouvir as músicas por vc indicadas nesta postagem, o que já é muito, afinal, o mais difícil costuma ser dar o primeiro passo.
ResponderExcluirPois é... Espero que este álbum te ajude a mudar suas impressões a respeito da bossa nova. Se mesmo assim ficar difícil, recomendo que comeces pelas obras de samba-jazz postadas no blog: Manfredo Fest, Hector Costita, Sambalanço Trio etc. Afinal, são a mesma coisa. O próprio Johnny Alf, recém-falecido, inclusive, não gostava do termo bossa nova; afirmava que o termo mais apropriado seria samba-jazz, atualmente só utilizado para designar a bossa nova instrumental. De qualquer modo, bom proveito!
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