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Após duas postagens falando mal de tudo e de todos, vamos dar uma pausa e partir para um momento mais construtivo. Afinal, falar mal do mundo também cansa... Assim, discursarei hoje a respeito de minha maior descoberta musical no ano passado.
Como comentei há algumas semanas, passei um bom tempo afastado das novidades musicais, escutando somente aquilo que eu já conhecia há anos. Ano passado, porém, voltei a pesquisar sobre as novidades do Brasil e do mundo. Muitas foram as descobertas. Algumas já foram disponibilizadas no Jossa Blog; outras ainda estão por vir.
De qualquer modo, é incrível a quantidade de artistas competentes no Brasil. Uma única vida é insuficiente para dar conta de tudo. Somente na segunda metade do ano passado, período em que iniciei minha busca por novidades, posso garantir a descoberta de, no mínimo, vinte artistas e grupos desconhecidos ou esquecidos pelo tempo. E vale ressaltar que não estão incluídos nesse grupo artistas que eu já conhecia, como Rosinha de Valença, Paulo Vanzolini ou Flora Purim. Falo de músicos totalmente novos para mim, ou seja, que até então jamais havia escutado.
Logo de início, tive a oportunidade de ouvir diversos grupos do período do samba-jazz: Manfredo Fest, Hector Costita, Sambrasa Trio, Sambalanço Trio etc. Fiquei encantado com a riqueza musical destes e escutei-os diariamente durante um bom tempo. (Na verdade, ainda hoje, meses depois, ouço-os com frequência). Com certeza, tais grupos foram uma das melhores descobertas que realizei em 2009.
Mas a vida é uma caixinha de surpresas... Ainda havia muito por vir, embora só restasse alguns meses para finalizar o ano. Então, em outubro, descobri o Rivotrill, já postado anteriormente. Achei fascinante a fusão de ritmos da banda: rock progressivo e maracatu, jazz e baião. Combinações que até então poderiam ser consideradas impossíveis, passam a ser perfeitamente conciliáveis no trabalho do trio recifense. Desse modo, apesar de admirar bastante os artistas do samba-jazz, considerei tal banda como a melhor descoberta do ano.
Sem dúvidas, Rivotrill estaria nesta postagem, se 2009 tivesse acabado na metade de dezembro. Mas isto, obviamente, seria algo contraditório. Esses quinze dias a mais foram suficientes para que eu conhecesse outro trabalho maravilhoso, que me faria mudar de opinião mais uma vez: Noise Viola.
Faltando duas semanas para o Reveillon, entrei em contato com o guitarrista Fred Andrade a fim de adquirir todas suas obras já gravadas. (Geralmente, comprar CD's com os próprios artistas é mais barato do que nas lojas. É também mais agradável, visto que se pode trocar umas palavras com eles e ainda ganhar um autógrafo no disco). Encontramo-nos no Conservatório Pernambucano de Música, onde ele ensina, e fizemos a negociação. Dentre os vários álbuns que comprei com ele, encontrava-se o do grupo Noise Viola. Embora já conhecesse um pouco do trabalho solo de Fred Andrade, não havia escutado ainda sua "nova" banda. Ao pedir mais informações sobre os projetos do grupo, o guitarrista convidou para um show que faria na semana seguinte e fez muitos elogios sobre o próprio trabalho. Achei que havia um certo exagero em seus comentários; sinceramente, pensei que ele estava apenas tentando "vender o peixe".
Ao chegar em casa, pensei: "Vamos ver onde Fred exagerou". Coloquei o CD para tocar. Cheguei a conclusão de que as palavras do guitarrista não chegavam a descrever nem metade do conteúdo do álbum. Fiquei tão impressionado com o som da banda que, embora estivesse gripado, com a garganta irritada e tossindo o tempo todo, não hesitei em ir para o show do Noise na semana seguinte. Eu tinha que vê-los ao vivo!
Embora o primeiro álbum do grupo tenha sido lançado em 2007, Noise Viola iniciou seus trabalhos quatro anos antes. Durante os primeiros anos, contava com Fred Andrade, Paulo Barros, Breno Lira e Tomás Melo. Suas músicas apresentam uma combinação cuidadosa da música erudita com ritmos nordestinos, tais como coco, maracatu e frevo. Infelizmente, pouco depois do lançamento da obra aqui apresentada, Breno Lira e Tomás Melo se afastaram. No entanto, a banda continuou seu trabalho com nova formação, inclusive expandindo o grupo ao acrescentar um baixista e mais percussionistas.
As doze faixas de Noise Viola são excelentes! Trata-se de mais uma daquelas obras que fico em dúvida se faço destaques ou não, com medo de cometer alguma injustiça. Mas, arriscar-me-ei mesmo assim. Destaco 'Violado', de Breno Lira, 'Maracatu bonito', de Fred Andrade, e a regravação de 'Nino, o pernambuquinho', de Maestro Duda. Porém, há duas que coloco no topo das recomendações: 'Baião pro Noise', com uma perfeita permuta de solos, ou melhor, um diálogo entre guitarra e viola, e 'Espelho cego'. Esta última considero a melhor de todas; uma música minuciosamente trabalhada, mas não a ponto de apagar o sentimento da canção.
Por fim, gostaria de anunciar que, conversando com Fred Andrade e Paulo Barros, fui informado que o Noise Viola está com mais uma obra prestes a ser lançada, faltando apenas os últimos retoques. A promessa é que esse novo trabalho sairá ainda no início deste ano e, segundo Fred, será melhor do que o primeiro. Bem... Se será melhor mesmo, não sei; preciso ouvir para dizer isso. Mas, após confirmar que a propaganda do guitarrista sobre o álbum aqui apresentado não foi exagerada, acredito que há grandes chances de tal fato ocorrer. Aguardemos...
...Como comentei há algumas semanas, passei um bom tempo afastado das novidades musicais, escutando somente aquilo que eu já conhecia há anos. Ano passado, porém, voltei a pesquisar sobre as novidades do Brasil e do mundo. Muitas foram as descobertas. Algumas já foram disponibilizadas no Jossa Blog; outras ainda estão por vir.
De qualquer modo, é incrível a quantidade de artistas competentes no Brasil. Uma única vida é insuficiente para dar conta de tudo. Somente na segunda metade do ano passado, período em que iniciei minha busca por novidades, posso garantir a descoberta de, no mínimo, vinte artistas e grupos desconhecidos ou esquecidos pelo tempo. E vale ressaltar que não estão incluídos nesse grupo artistas que eu já conhecia, como Rosinha de Valença, Paulo Vanzolini ou Flora Purim. Falo de músicos totalmente novos para mim, ou seja, que até então jamais havia escutado.
Logo de início, tive a oportunidade de ouvir diversos grupos do período do samba-jazz: Manfredo Fest, Hector Costita, Sambrasa Trio, Sambalanço Trio etc. Fiquei encantado com a riqueza musical destes e escutei-os diariamente durante um bom tempo. (Na verdade, ainda hoje, meses depois, ouço-os com frequência). Com certeza, tais grupos foram uma das melhores descobertas que realizei em 2009.
Mas a vida é uma caixinha de surpresas... Ainda havia muito por vir, embora só restasse alguns meses para finalizar o ano. Então, em outubro, descobri o Rivotrill, já postado anteriormente. Achei fascinante a fusão de ritmos da banda: rock progressivo e maracatu, jazz e baião. Combinações que até então poderiam ser consideradas impossíveis, passam a ser perfeitamente conciliáveis no trabalho do trio recifense. Desse modo, apesar de admirar bastante os artistas do samba-jazz, considerei tal banda como a melhor descoberta do ano.
Sem dúvidas, Rivotrill estaria nesta postagem, se 2009 tivesse acabado na metade de dezembro. Mas isto, obviamente, seria algo contraditório. Esses quinze dias a mais foram suficientes para que eu conhecesse outro trabalho maravilhoso, que me faria mudar de opinião mais uma vez: Noise Viola.
Faltando duas semanas para o Reveillon, entrei em contato com o guitarrista Fred Andrade a fim de adquirir todas suas obras já gravadas. (Geralmente, comprar CD's com os próprios artistas é mais barato do que nas lojas. É também mais agradável, visto que se pode trocar umas palavras com eles e ainda ganhar um autógrafo no disco). Encontramo-nos no Conservatório Pernambucano de Música, onde ele ensina, e fizemos a negociação. Dentre os vários álbuns que comprei com ele, encontrava-se o do grupo Noise Viola. Embora já conhecesse um pouco do trabalho solo de Fred Andrade, não havia escutado ainda sua "nova" banda. Ao pedir mais informações sobre os projetos do grupo, o guitarrista convidou para um show que faria na semana seguinte e fez muitos elogios sobre o próprio trabalho. Achei que havia um certo exagero em seus comentários; sinceramente, pensei que ele estava apenas tentando "vender o peixe".
Ao chegar em casa, pensei: "Vamos ver onde Fred exagerou". Coloquei o CD para tocar. Cheguei a conclusão de que as palavras do guitarrista não chegavam a descrever nem metade do conteúdo do álbum. Fiquei tão impressionado com o som da banda que, embora estivesse gripado, com a garganta irritada e tossindo o tempo todo, não hesitei em ir para o show do Noise na semana seguinte. Eu tinha que vê-los ao vivo!
Embora o primeiro álbum do grupo tenha sido lançado em 2007, Noise Viola iniciou seus trabalhos quatro anos antes. Durante os primeiros anos, contava com Fred Andrade, Paulo Barros, Breno Lira e Tomás Melo. Suas músicas apresentam uma combinação cuidadosa da música erudita com ritmos nordestinos, tais como coco, maracatu e frevo. Infelizmente, pouco depois do lançamento da obra aqui apresentada, Breno Lira e Tomás Melo se afastaram. No entanto, a banda continuou seu trabalho com nova formação, inclusive expandindo o grupo ao acrescentar um baixista e mais percussionistas.
As doze faixas de Noise Viola são excelentes! Trata-se de mais uma daquelas obras que fico em dúvida se faço destaques ou não, com medo de cometer alguma injustiça. Mas, arriscar-me-ei mesmo assim. Destaco 'Violado', de Breno Lira, 'Maracatu bonito', de Fred Andrade, e a regravação de 'Nino, o pernambuquinho', de Maestro Duda. Porém, há duas que coloco no topo das recomendações: 'Baião pro Noise', com uma perfeita permuta de solos, ou melhor, um diálogo entre guitarra e viola, e 'Espelho cego'. Esta última considero a melhor de todas; uma música minuciosamente trabalhada, mas não a ponto de apagar o sentimento da canção.
Por fim, gostaria de anunciar que, conversando com Fred Andrade e Paulo Barros, fui informado que o Noise Viola está com mais uma obra prestes a ser lançada, faltando apenas os últimos retoques. A promessa é que esse novo trabalho sairá ainda no início deste ano e, segundo Fred, será melhor do que o primeiro. Bem... Se será melhor mesmo, não sei; preciso ouvir para dizer isso. Mas, após confirmar que a propaganda do guitarrista sobre o álbum aqui apresentado não foi exagerada, acredito que há grandes chances de tal fato ocorrer. Aguardemos...
Download: Sharebee ou MediaFire
Ficha Técnica: Noise Viola (2007)
Mais informações: Noise Viola
Este álbum é fantástico e tem aquilo que se espera de um bom álbum: diversidade, técnica, criatividade e acima de tudo aquele "feeling" que te faz querer ouvir de novo depois, em resumo, uma boa pedida, gostei mesmo desse álbum que não conhecia. Mas para isso temos um grande conhecedor da música tupiniquim de qualidade a postos por aqui!
ResponderExcluirOi, Eustáquio! Obrigado pelas palavras. Porém, ainda não sou um grande conhecedor da música tupiniquim; ainda estou em processo de aprendizagem. Rsrs. De qualquer modo, é claro, sempre que descobrir algo novo recomendarei a todos através deste blog. Abraço!
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