sábado, 27 de março de 2010

Chico Science e Nação Zumbi: Da lama ao caos (1994)

A música de Pernambuco, parte 4: Música urbana.
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Alguns contra-tempos e um pouco de preguiça fizeram-me atrasar algumas postagens e, agora, na tentativa de concluir esta série a tempo, farei três postagens em menos de uma semana. Não é exatamente o que eu pretendia quando idealizei o Jossa Blog, mas de vez em quando não faz mal abrir exceções.
Assim, chegamos hoje à quarta parte de nossa série sobre a música pernambucana: Música urbana. E, de modo similar ao que ocorreu na primeira postagem da série, cabe a questão: o que é música urbana? Bem... O site Música de Pernambuco define tal termo como: "a mixórdia de ritmos, sons, beats, que invadiram as grandes cidades a partir dos anos 70, quando o rock transformou-se numa música de mil faces".
Entre os vários ritmos que se enquadram como música urbana, além do rock and roll, podemos citar: hip hop, heavy metal, a música eletrônica e a música pop. Obviamente, muitos são os exemplos; talvez, impossível enumerar todos, principalmente se considerarmos as variantes de cada ritmo. Também é evidente que nem sempre tais ritmos são puros, ou seja, que são executados totalmente ligados às suas raízes, sem grandes alterações. Na verdade, em Pernambuco, o que mais ocorre é o oposto: quase todos os grupos de rock, música eletrônica, hip hop etc. tentam fundir estes estilos musicais com ritmos da cultura brasileira. É comum misturas de música eletrônica com samba, hip hop com embolada, rock com maracatu... De fato, tais misturas tornaram-se a base para o desenvolvimento da música de Pernambuco no final do século XX e vêm sendo bastante praticadas e exploradas nos últimos anos.
Mas, de onde vem essa idéia de fusão? Hmm... Acredito que seja normal fundir ritmos diferentes desde "sei lá quando". Todavia, em Pernambuco, tais idéias foram incentivadas a partir de meados da década de 1990, com o surgimento do movimento mangue beat, cuja proposta era examente aquela descrita no parágrafo acima. Tomando tudo isso como base, não foi difícil escolher a obra que posto hoje.
De fato, tudo que escrevi acima foi uma forma mais extensa do meu pensamento durante a escolha. De forma resumida, a escolha ocorreu do seguinte modo. "O que é música urbana? Aquela que se desenvolve nas grandes cidades: rock, hip hop, música eletrônica etc. Qual a base da música pernambucana? Misturar tais estilos com ritmos regionais. Quando tal idéia ganha força? Com o movimento mangue beat. E quem é o maior expoente de tal movimento? Sem dúvida alguma, Chico Science e Nação Zumbi". E, dentro de trinta segundos pensando, decidi disponibilizar a primeira obra do grupo: Da lama ao caos.
Lançada em 1994, três anos antes da trágica morte de Chico Science, a obra em questão traz uma ótima fusão de ritmos até então pouco praticada. Mistura-se rock e maracatu, soul e samba, batidas eletrônicas e coco, contribuindo para a atualização e divulgação da cultura pernambucana. Da lama ao caos fez com que muitos olhos se voltassem para o estado, contribuindo indiretamente para o sucesso de diversos outros grupos locais. Não é sem motivos que este se tornou o disco manifesto do movimento mangue beat e é apontado como um dos mais importantes trabalhos musicais de Pernambuco e do Brasil.
O disco é repleto de sucessos; muitos deles foram bastante tocados não só no estado, mas em todo o país. Entre os não-sucessos, destaco: 'Monólogo ao pé do ouvido - Banditismo por uma questão de classe' e o instrumental 'Salutiano song', uma homenagem a Mestre Salu, um dos maiores artistas da história de Pernambuco. Todavia, com foi dito, muitos são os hits e todos merecem ser citados: 'Rios, pontes e overdrives', 'A cidade', 'A praieira', 'Da lama ao caos', 'Antene-se' e 'Computadores fazem arte'.
Enfim, não me prolongarei mais. Termino aqui mais uma postagem. Aproveitem ao máximo esta obra-prima da cultura pernambucana! E, até... amanhã ou depois. Ainda não estou bem certo...
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Ficha Técnica: Da lama ao caos (1994)
Mais informações: Chico Science, Nação Zumbi

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