domingo, 25 de abril de 2010

Chico Buarque: Chico Buarque (1978)

"Canta primavera, pá!"
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Olá a todos! Não me prolongarei hoje; infelizmente, tenho muitos deveres a cumprir e não posso demorar demais nesta postagem. Todavia, faço esta postagens para não deixar passar em branco a presente data.
Gostaria de lembrar que hoje, 25 de abril, é uma data especial para o povo português. Trata-se da Revolução dos Cravos, o golpe de Estado ocorrido em 1974, que derrubou a ditadura salazarista, restaurando a democracia naquele país.
Obviamente, tal evento é esquecido, ou ignorado, pela maioria dos brasileiros. Porém, uma vez que tenho grande simpatia e admiração pela nação lusitana, conforme já comentei alguns meses atrás, tento sempre me manter informado sobre os acontecimentos daquele local e lembrar suas datas comemorativas.
Apesar disso, apesar de muitos desconhecerem tal evento, o 25 de abril teve impacto muito grande no Brasil na década de 1970. Enquanto Portugal saia de um regime ditatorial, o Brasil permanecia sob o poder dos militares. A Revolução dos Cravos, assim, foi tida como um exemplo para a luta brasileira contra a ditadura e pela reconquista da liberdade de expressão durante os anos seguintes. Foi inspirado nesse evento que Chico Buarque compôs a canção 'Tanto mar', presente em seu álbum de 1978, que apresento hoje no Jossa Blog.
A letra original da música acima citada, incrivelmente, é desconhecida por muitos brasileiros até hoje. Na verdade, ela foi censurada naquele período e só pôde ser divulgada em sua forma original em Portugal. (Tal versão pode ser encontrada na coleção Songbook Chico Buarque, interpretada pela cantora portuguesa Eugênia Melo e Castro). De qualquer modo, as principais idéias foram preservadas, inclusive as figuras poéticas. Cada palavra parece ter sido minuciosamente pensada pelo autor, sem que este perdesse o sentimento. Ouçam e interpretem!
Além desta bela homenagem a nossos amigos de além-mar, o disco ainda traz muitos outros sucessos. Dentre as várias canções do álbum, destaco: 'Cálice', uma das principais canções contra o governo militar, 'O meu amor', cantada por Elba Ramalho e Marieta Severo (esposa de Chico Buarque quando o disco foi gravado), e 'Pedaço de mim', uma homenagem do cantor a Zuzu Angel. (Hmm... Quanto a esta última observação, não encontrei fontes confiáveis sobre o assunto. Aqueles que ouvem Chico Buarque costumam fazer tal afirmação, porém sabemos que o cantor não costuma revelar as inspirações para suas composições. Fica difícil chegarmos a uma resposta definitiva. Mas, se eu souber de algo mais sobre o assunto, comento posteriormente). Na verdade, o disco Chico Buarque, de 1978, também é considerado uma das principais obras suas contra o governo militar, juntamente com Construção, já postado anteriormente.
Enfim... Esta é a homenagem do Jossa Blog à Revolução dos Cravos e ao povo português nesta data tão especial. Espero que a grandeza da obra apresentada consiga representar a importância do 25 de abril para a História, de Portugal, do Brasil e do mundo, visto que o meu texto foi muito breve para alcançar tal objetivo. De qualquer modo, aproveitem o disco! É uma obra-prima da música brasileira!
Abraços e até a próxima!
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Ficha Técnica: Chico Buarque (1978)
Mais informações: Chico Buarque

2 comentários:

  1. Sem dúvida uma data a ser lembrada pena que as pessoas não saibam nem sequer suas próprias histórias quanto mais as que lhe deveriam dizer respeito mais de perto.
    Mas grande lembrança, estou até baixando o álbum, pela canção citada.

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  2. Anônimo1/5/10 01:00

    Victão,
    A Zuzu Angel perdeu um filho (ou nunca achou) justamente em razão da forte repressão do regime militar (Presidente Emílio Garrastazu Médici — pense em um "menino bonzinho"), sendo o ápice do terror da “direita” simplesmente sumir os desafetos. Torturar já não era suficiente.
    O Chico Buarque, por sua vez, sempre teve grande facilidade de personificar todas as emoções mais ligadas ao gênero feminino. Penso que, sensibilizado e politizado como era, uniu o útil ao desagradável.
    Eu escutei esta história, inúmeras vezes, nas reuniões do PCB, inclusive, da associação da emoção de perda vivida por aquela mãe à sua composição “pedaço de mim”. É uma possibilidade. E era conveniente acreditar nisso. Todavia, também não tenho prova cabal. Acho que só ele pode afirmar.
    De qualquer sorte, àquela época, é fato, a influência do Chico pelo Bertolt Brecht era quase uma marca. Um complexo de conhecimentos e emoções levando a um contexto muito rico, tudo muito à flor da pele. Época de grandes e ricas mudanças!
    De prático, a obra “Pedaço de Mim” é facilmente entendida por quem sentiu enorme saudade. De proporção descomunal, absurda, que induz a excomungar o amor. Uma perda tão significativa que o deixa incompleto para toda sua existência, que o desencoraja a continuar vivendo. Uma morte em vida. Sobrevivência!
    C'est La Vie! Paradoxalmente. Muitas vezes, “apenas deixando pedaços importantes de nós mesmos pela vida é que somos capazes de atingir a verdadeira completude possível que nos torna unidade e sujeito”.

    FRED

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