sexta-feira, 16 de abril de 2010

Fred Andrade e Ebel Perrelli: Mandinga (2002)

A música de Pernambuco, parte 6: Música instrumental.
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Finalmente!!! Após duas semanas de atraso, chego ao fim desta série sobre a música de Pernambuco. Peço desculpas aos seguidores e leitores deste blog pela demora. Infelizmente, tive uns contratempos e a preguiça também ajudou bastante. Em compensação, trago hoje uma das maiores pérolas da música pernambucana.
Bem... Quem acompanhou minhas postagens no último mês, teve oportunidade de conhecer cinco faces da música deste estado, classificados conforme o site Música de Pernambuco. A ordem escolhida por mim foi aleatória; não seguiu a ordem presente na homepage supracitada. Contudo, desde o início planejei deixar a postagem sobre música instrumental para o final. Por quê? Simples... Gosto de deixar a melhor parte para o final.
É óbvio que a minha decisão antecipada não significa que esta foi a escolha mais fácil. Pelo contrário, a quantidade de bons artistas instrumentais no estado é incrível. Temos excelentes guitarristas, como Beto Kaiser ou Luciano Magno. Também poderia apresentar a obra de um dos melhores contrabaixistas do estado: Bráulio Araújo. Entre as inúmeras bandas, posso citar Treminhão, Contrabanda e Sa Grama. Temos ainda grandes violonistas, como Cláudio Almeida e Nenéu Liberalquino. (A propósito, talvez eu poste algo sobre este último em breve. Todavia, aos mais curiosos, recomendo procurarem pela sua obra. É fantástico!). Há ainda um dos maiores percussionistas do mundo: Naná Vasconcelos. E muitos outros... Alguns até já foram disponibilizados anteriormente.
No entanto, diversos motivos me levaram a escolher Mandinga, de Fred Andrade e Ebel Perrelli. Primeiramente, lembro ter prometido postar este disco há um bom tempo. Para ser mais exato, da primeira vez que comentei sobre a música do estado neste blog, disponibilizando a obra do Mallavoodoo. Assim, cumpro hoje aquele débito.
Em segundo lugar, eu desejava um álbum onde pudéssemos contemplar um encontro de gigantes da música pernambucana. De fato, o disco foi planejado por dois dos melhores músicos da região: o guitarrista Fred Andrade, atualmente no Noise Viola, já apresentado em outra ocasião, e o baterista Ebel Perrelli. Além disso, conta com o apoio de Hélio Silva, excelente baixista, atualmente no SpokFrevo Orquestra e participa de quase todas as músicas. (Há uma consideração sobre a participação deste membro que farei dentro de alguns instantes). Para completar, pode-se contemplar as performances de Breno Lira (em breve, não hoje, planejo comentar sobre este também), ainda no início da carreira, Dominguinhos e Naná Vasconcelos. Não há dúvidas que temos o tal encontro de gigantes desejado.
Em terceiro lugar, eu gostaria de encerrar esta série de postagens com uma obra que fizeste lembrar Pernambuco do início ao fim. Embora as demais apresentadas também possam atender tal requisito, nenhuma delas o faz como Mandinga. Toda vez que eu ouço o disco em questão, viajo por todo o estado. Do litoral ao interior. Passo por diversas praias. Sinto a agitação da metrópole e a calmaria das áreas menos urbanizadas. Consigo até me ver viajando pelas estradas...
Resumindo, estas foram as principais razões que me fizeram escolher a presente obra. Não tenho dúvidas que é a melhor opção para encerrar a série com chave de ouro. A propósito, não farei destaques da forma habitual. Limitar-me-ei a dizer que uma das que mais me fascina é a faixa-título e que a preferida do guitarrista é 'Catú-Catú'. Mas vale a pena ouvir todas as faixas em sequência.
Mudando brevemente de assunto, gostaria de fazer uma observação sobre a banda. Exato! Falei "banda". Na verdade, existe uma polêmica quanto a tal questão. Embora na capa do álbum apareçam somente os nomes de Fred e Ebel, o grupo se apresentava como uma banda, cujo nome era Projeto Mandinga. E esta incluia Hélio Silva como membro. Breno Lira também chegou a ser considerado do grupo mais adiante, visto que participava constantemente dos shows, tocando viola caipira. Fiquei em dúvida sobre qual nome atribuir ao artista da obra. Optei por colocar os nomes que aparecem na capa do disco. Todavia, ressalto que a participação de Hélio Silva é fundamental para a realização do trabalho, contribuindo inclusive com uma das composições. Além disso, o baixo é tão perfeito quanto a guitarra e a bateria.
De qualquer modo, o Projeto Mandinga surgiu em 2002 e durou um pouco mais de um ano. No entanto, apesar de uma curta carreira, o trabalho destes foi bastante elogiado pelo povo e pelos críticos. Mandinga é o único álbum do grupo, que infelizmente não tem chances de voltar às suas atividades, segundo o guitarrista. Conversando com Fred Andrade, questionei a respeito dessa possibilidade e ele comentou que, apesar de haver muita interação entre ele e Ebel, também há muito desentendimento. Portanto, para o bem da amizade, o melhor seria encerrar o trabalho. Entretanto, há uma notícia animadora. Parece ter havido uma proposta feita por não-lembro-quem, a qual foi aceita pelos membros, de gravar um DVD a respeito deste trabalho. O vídeo apresentaria a história do grupo e muita música. Não sei quando será lançado, mas estou de olho. Qualquer notícia, eu aviso. Aguardemos...
Enfim... Chego, assim, ao final desta série. Gostaria de lembrar que toda ela foi dedicado ao grande amigo Antônio Aureliano, organizador do blog Mundo Novo Admirável. Espero que todas as postagens tenham ajudado a lembrar de Pernambuco e matar um pouco as saudades desta terrinha. Espero também que todos curtam o som do Mandinga. (Só para me amostrar um pouco: não encontrei tal obra em nenhum lugar da internet. Portanto, trata-se de uma "exclusividade" do Jossa Blog). Digam o que acharam do álbum. Vocês conseguiram visualizar as paisagens do estado?
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Download: Sharebee ou MediaFire
Ficha Técnica: Mandinga (2002)
Mais informações: Fred Andrade, Ebel Perrelli

2 comentários:

  1. Finalmente hein! Fazia tempo que estava à espera desta postagem!
    Mas devo confessar que toda a espera é justificada por um excelente som,extremamente bem tocado e que realmente conta muito bem as histórias de Pernambuco.

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  2. Pois é, Eustáquio... Fico feliz por gostares desta maravilha de nossa terra e agradeço a paciência.

    Demorei bastante. Todavia, esqueci até de comentar o motivo na postagem. A demora se deveu ao fato de que eu queria uma boa postagem, como as anteriores. Assim, tive de scannear a capa (que não encontrei em canto nenhum da internet) e escrever os artigos para Wikipedia (sobre ambos os músicos e sobre a obra). Por essas razões, atrasei a postagem. Porém, acredito que valeu a pena!

    Abraços.

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