sábado, 12 de setembro de 2009

Amália Rodrigues e Vinicius de Moraes: Amália/Vinicius (1970)

Saudades de Portugal no Brasil.
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Exatamente um ano atrás, pisei pela primeira vez em solo português. Por um momento, acreditei que não gostaria de tal experiência. Por que sair do Brasil? O que as terras de além-mar poderiam me fornecer que estas aqui não poderiam?
De início, cheguei com um tanto de preconceito. Achei totalmente estranhas aquelas terras; pensei que jamais iria me adaptar àquele território. Porém, com o passar do tempo, fui revendo meus conceitos. Cada vez mais, fui me encantando com aquele pais... De fato, é um lugar fantástico! As paisagens são incríveis e o povo bastante simpático.
Aos poucos, fui me interessando cada vez mais pelas terras lusitanas, chegando ao ponto de não mais querer retornar ao Brasil. Foi difícil me readaptar a este país. Na verdade, posso dizer que estou readaptado como um brasileiro que gostaria de viver em Portugal. Não sei se é possível ir além disso. Porém, sinto-me satisfeito com a atual situação.
Brasil e Portugal, apesar da rivalidade histórica entre colônia e metrópole, têm mais em comum do que se costuma imaginar. Apesar de léguas distante de Recife, passadas algumas semanas, não me sentia tão deslocado. A arquitetura e o ritmo da cidade de Lisboa lembram bastante a capital do estado de Pernambuco. Sentia saudades, obviamente, dos amigos e da família, além da minha cultura. Contudo, a receptividade portuguesa fazia me sentir em casa.
Atualmente, tenho certeza que Brasil e Portugal se complementam. São dois países diferentes, contudo muitos são os pontos de convergência. Talvez, até possamos alegar que somos um povo só, afinal temos raízes em comum. Mas, certamente, os brasileiros têm muito o que aprender com os portugueses e vice-versa.
E, a fim de matar um pouco das saudades dos tempos em que estive em Lisboa, ofereço o álbum Amália/Vinicius.
Gravado em 1968 e lançado em 1970, esta gravação apresenta um resumo do encontro entre dois grandes nomes da música em língua portuguesa. Próximo ao final daquele ano, Vinicius viajava a Roma, onde passaria o Natal. Entretanto, fazendo escala em Lisboa, realizou uma visita à casa de Amália Rodrigues. Durante toda a noite do encontro, muitos foram os poemas recitados e as músicas cantadas.
A grandeza da obra é impressionante. Apesar de poucos instrumentos tocando, a poesia de Vinicius de Moraes e a voz de Amália Rodrigues parecem ser suficientes e se complementam plenamente. A citação de poemas por outros poetas portugueses enriquecem ainda mais a obra. Talvez, as melhores palavras para descrever tal álbum sejam as do produtor Jorge Mourinha: "Um álbum simples, de convívio simples, em que ninguém pretendeu dizer coisas profundas ou definitivas, em que todos, pelo contrário souberam apagar-se ante a voz mais alta da poesia: da própria e da alheia. É pois um álbum de poesia, de poesia dita e de poesia cantada, de poesia vivida em fraterna comunhão por três qualificados representantes da poesia portuguesa contemporânia, por um grande poeta do Brasil (...) e por uma grande intérprete da poesia e da música portuguesas...". Acredito que Amália/Vinicius seja a maior prova de que Brasil e Portugal se combinam perfeitamente.
Dentre as poesias recitadas, destaco: 'Defesa do poeta', por Natália Correia, e 'Monólogo de Orfeu' e 'O dia da criação', por Vinicius de Moraes. Dentre as poesias cantadas, dou destaque a 'Havemos de ir a Viana' e 'Saudades do Brasil em Portugal', por Amália Rodrigues, e 'Pra que chorar', por Vinicius de Moraes. Além destas, faço minhas as palavras pronunciadas por Vinicius na última faixa, 'Mensagem' - uma homenagem ao povo de Portugal.
Por fim, dedico esta postagem a todos aqueles que conheci durante os seis meses que passei em Portugal. Espero rever todos em breve. Muitas são as saudades daquelas terras e daquele povo... Muitas são as saudades de Portugal no Brasil...
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Ficha técnica: Amália/Vinicius (1970)

4 comentários:

  1. Rapaz, esse disquinho é muito bom!!! Amália sempre!

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  2. Massa vitor um disco que não tenho. Sempre bom escutar coisas diferentes. Abraços atemporalmente artísticos para você. Haha.

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  3. Rapaz, ainda que minhas viagens tenham sido BEM mais singelas que a sua, tanto em distância como em duração, não deixaram de ser bem marcantes. Assim, tenho ao menos uma idéia do que o Sr. quis dizer e relevo seu excesso de empolgação (me parece que o Brasil tem muito a aprender e a ensinar em relação a qualquer outro país, valendo o mesmo p/ Portugal), enfim.

    Não conheço Amálie Rodrigues e até onde lembro nunca sequer ouvi falar. Vinicius conheço mais pela parceria com Chico e por alguns poemas, mas pretendo me aprofundar em sua parceria com Toquinho, outro contemplado pelo Jossa Blog que pouco conheço.

    (Postado ao som de Chico - Construção=)

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  4. Beto, infelizmente devo dizer que a primeira parte de seu comentário foi totalmente inútil e sem sentido. Estás "contestando" minhas idéias apenas pelo prazer de contestar, sem entender o que digo. Presta mais atenção aos textos e pensa um pouco melhor sobre o assunto antes de comentar...

    Quanto a segunda parte, espero que o Jossa Blog te ajude a conhecer esses grandes nomes da música brasileira.

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