domingo, 29 de novembro de 2009

Cazuza: Ideologia (1988)

O tempo não pára! Cazuza também...
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1º de dezembro é o dia mundial de combate a AIDS. Criada no final da década de 80, tal data tem o intuito de conscientizar o mundo a respeito da doença e etc. Mas não estou aqui para discutir a respeito dessa data; talvez comente o que penso dela em outro momento. (Daqui a um ano, provavelmente). Venho tratar de outra questão.
Mais ou menos uma semana atrás, a TV Globo apresentou um especial sobre a vida do cantor Cazuza. Até razoável, por sinal; fato raro... Visto que a data acima citada se aproximava, conectei alguns dados e veio à mente a pergunta: deveria Cazuza ser considerado um símbolo do combate contra a AIDS? Por que não um que levasse uma "vida certinha", sem vícios? (Claro que este debate era artificial. Eu já sabia que confirmaria a resposta, apenas queria encontrar um caminho).
Mas, por que coloquei tal questão? Simples... Quem já viu um pouco sobre a vida do cantor, sabe que, mesmo após descobrir que era portador do vírus HIV, o artista permanece em sua vida boêmia. Também sabemos que este estilo de vida é considerado como uma desistência por aqueles que se encontram bastante doentes e próximos da morte, uma forma de aproveitar os últimos dias e diminuir a dor. Neste ponto, é possível cair no pensamento de que, ao continuar bebendo, fumando e consumindo drogas, Cazuza estaria "entregando os pontos".
Porém, refletindo melhor, parece que tal idéia não procede. Não para o artista em questão. Pois este já era boêmio antes de contrair a doença. Assim, continuar na boemia parece ter exatamente o efeito oposto. Tratar-se-ia de uma tentativa de negar que sua morte era iminente. Porém, mesmo tendo tal vida antes, sua continuação pode ser considerada como uma desistência, correto? Errado! Só poderíamos afirmar tal idéia se o cantor tivesse feito apenas isso nos seus últimos anos. Mas a verdade é: Cazuza nunca parou! Mesmo doente, sem muitas forças, o artista continuou a compor, cantar e fazer shows até seus últimos momentos. Em uma época que ninguém sabia do que se tratava a AIDS, motivo pelo qual muitos doentes davam suas vidas por encerrada, o compositor mostrou a todos que um soro-positivo pode ter uma vida boa e útil. Não fácil, mas repleta de bons momentos.
Resumindo, o que desejo afirmar é: ao continuar com sua "vida viciosa" e sua produção artística constante, Cazuza tentava mostrar que sua doença não alterava em nada a sua vida. Ela poderia destruir seu corpo, mas não sua alma. É exatamente por isto que Agenor de Miranda Araújo Neto é ainda hoje o maior símbolo da luta contra a AIDS no Brasil. Desconheço outro artista daquele período que tenha feito algo similar, que tenha inclusive utilizado o seu próprio mal para crescer artisticamente.
De fato, é inegável o crescimento de Cazuza como poeta e músico em seus últimos anos de vida. O artista passa a circular por vários estilos musicais e suas letras mostram-se bem mais trabalhadas do que quando ainda cantava no Barão Vermelho. Tais idéias podem ser facilmente comprovadas ouvindo o álbum Ideologia, que apresento hoje.
Terceiro álbum da carreira solo do artista, talvez seja um dos álbuns do Brasil que mais se aproxima de Construção, e Chico Buarque, já postado anteriormente no Jossa Blog. Por pouco Ideologia não alcança tal obra. Quase todas as canções do disco são famosíssimas; provavelmente todos já as conhecem. Muitas delas foram regravadas por outros intérpretes e ainda hoje tocam em rádios e outros espaços.
Dessa forma, não tenho como não recomendar sucessos. Aponto 'Boas novas' como um ótimo exemplo de como Cazuza lidava com sua doença, tentando não se deixar abalar pela morte iminente. Também recomendo o rock 'Ideologia' e o 'Blues da piedade', compostos em parceria com Frejat, a balada 'Minha flor, meu bebê' e o hit 'Faz parte do meu show'.
Fica então mais um clássico da música brasileira. Ouçam o máximo possível! Este disco é um daqueles que merecem ser escutados milhares de vezes.
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Ficha Técnica: Ideologia (1988)
Mais informações: Cazuza

Um comentário:

  1. cazuza foi um idolo pra mim ele foi como um poeta que retrata sua vida pra mim ele e o pai dos poetas que brasil nao teve o poeta que o brasil estava esperando mais numca teve,saudades de vc cazuza vc foi o pai da musica brasileira e todos tem muito orgulnho disso

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